Parece incompreensível que Robert Plant,
o vocalista mais empata-foda da história, tenha recusado a se fazer uma
turnê de despedida do Led Zeppelin, por um contrato de US$ 800 milhões –
valor livre de impostos que seria dividido entre ele, o guitarrista
Jimmy Page e o baixista John Paul Jones. Para nossa realidade, o valor
gira em torno de R$ 2 bilhões. Isso mesmo. Pense no Show do Milhão sendo
vencido por 2 mil pessoas. É por aí.
Plant supostamente teria rasgado o
contrato na frente dos empresários. A assessoria nega, mas sabe-se lá o
que se passa na mente do cantor. Muitos não entendem a opção de Robert
Plant, o que demonstra que falta uma pitada de relativização aí.
Sinceramente, não consigo nem imaginar o
que eu faria com cerca de US$ 266 milhões (a quantia que daria caso
dividido por três). Mas sou um zé ruela, que optou pelo jornalismo
enquanto profissão e enfrenta os perrengues financeiros diariamente. A
realidade de milionário é diferente e muito distante para mim.
Robert Plant, por vez, tem desculpas de
peso em sua decisão. A primeira é que ele já é um milionário. Estima-se
que, só com o Led Zeppelin, ele tenha vendido de 200 a 300 milhões de
discos por todo o mundo. Caso cada álbum tenha custado, em média, US$
10, não é absurdo pensar que Plant já tenha, nos bolsos, uma quantia
semelhante à do contrato oferecido agora. Fora dezenas outras fontes de
renda que o cantor provavelmente teve ou tem, como as turnês que fez com
o Zeppelin e que até hoje faz em carreira solo.
A segunda é que Robert Plant já está
velho. Tudo bem, o contrato abrangia apenas 35 shows. Mas Plant tem 66
anos. Ele aceitaria um monte de grana a qual ele não vai estar vivo para
gastar – até porque ainda deve ter muita verdinha acumulada na fila -,
faria uma turnê em que um bando de crítico zé-ruela (como eu) detonaria o
seu já desgastado poderio vocal e terminaria com o ego machucado – algo
tão importante quanto grana para rockstars. O DVD “Celebration Day”,
registrado em 2007, é suficiente para mostrar aos fãs que o vocalista
não tem esse fôlego.
Aparentemente, Robert Plant só quer
continuar a fazer o próprio som, ser lembrado pelo que faz e não
exatamente pelo que fez e se livrar de qualquer briga ou desgaste que
envolva grana. É como voltar a ser empregado de Jimmy Page quando, na
verdade, ele tem a própria empresa, que opera nos conformes, apesar do
poder reduzido. Uma análise fria me permite concluir que eu faria o
mesmo que Plant, caso fosse ele.
Por Igor Miranda
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