Assim como tem acontecido com todos os
artistas que se apresentam em Israel, Roger Waters enviou uma carta ao
Bon Jovi, pedindo que cancelassem o show que acontece amanhã. Jon
declarou ter dito a seus assessores que apenas respondessem dizendo que o
concerto aconteceria e ele estava muito empolgado por ir a um país que
ainda não havia visitado. Roger enviou mais uma epístola, dessa vez
pública.
Estimados Jon Bon Jovi, David Bryan e Tico Torres
No passado, escrevi cartas
detalhadas e, às vezes, persuasivas, a colegas do show business, os
encorajando a não ceder às políticas segregadoras do governo israelense
ao se apresentar no país.
Após ler os comentários de Jon, não vou traçar
paralelos com o apartheid sul-africano. Apenas direi que vocês se
igualam…
Ao soldado que incendiou um bebê vivo.
Ao piloto do tanque de guerra que esmagou Rachel Corrie.
Ao soldado que atirou nos pés do jogador de futebol.
Ao marinheiro que afogou garotos na praia.
Ao sniper que matou um garoto por estar com uma camiseta verde.
Ao que esvaziou seu pente de balas em uma garota de 13 anos.
E ao ministro que prega o genocídio.
Vocês tiveram a chance de ficar ao lado da justiça.
Com o piloto que se recusou a bombardear um campo de refugiados.
Com o jovem que preferiu ter oito mandados de prisão a servir o exército.
Com o prisioneiro que fugiu por 226 dias até a liberdade.
Com o médico banido por salvar vidas.
Com o fazendeiro vitimado por ir até o muro das lamentações.
Com a criança sem pernas crescendo nos escombros.
E as outras 550 que nem crescerão, graças a mísseis, tanques e balas que enviamos.
Os mortos não lembram os crimes que
vocês ignoram. Mas, não vamos esquecer que permanecer silencioso e
indiferente é o pior dos crimes.
Roger Waters
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