Neil Young é um astro do rock peculiar em um meio artístico lotado de peculiaridades. Há quem diga que suas peculiaridades são tão peculiares que, muitas vezes, se sobrepõem a sua genialidade.
Maledicências à parte, foi graças às peculiaridades daa carreira e da personalidade do músico canadense que o consagraram como um ícone do rock e, provavelmente, como um pioneiro da chamada “independência artística''.
O termo é perigoso, pois embute uma série quase que infindável de interpretações. No entanto, a independência artística de mais de 50 ano de carreira deve ser celebrada e comemorada. Young é um exemplo de diversificação e ousadia artísticas em um mercado pautado por interesses diversos.
O guitarrista e cantor completou 70 anos de idade nesta semana ainda mantendo a aura de purista e de radical na busca da excelência musical e sonora, para não falar em campanhas pessoais fora do cenário artístico – politicamente ativo contra os reacionários e sectários, criou um dos eventos beneficentes mais respeitados da atualidade, o festival Bridge Benefit.
A busca pelo som perfeito e a cruzada pelo que podemos denominar de honestidade intelectual/artística se traduziram em uma empreitada arriscada e polêmica, mas que pode resumir, ainda que de forma imprecisa, a trajetória incomum e única de Young: o aparelho Pono, uma pretensa alternativa aos tocadores atuais de música digital.
Crítico ácido e contundente dos formatos existes de música digitial, em especial aos iPhones e iPods, da empresa Apple, colocou o seu lado inventor/empreendedor para funcionar e afirma ter criado um aparelho de reprodução sonora muitas vezes superior a qualquer um existente no mercado.
Visionário, inovador e apaixonado, o canadense costuma, de vez enquanto, ser subestimado e tachado de maluco – ou, no mínimo, “difícil''. Bobagem.
Young é uma usina de riffs de guitarra e de ideias. É um astro politicamente engajado em várias causas e de invejável disposição para romper barreiras e incomodar os empresários da indústria cultural – e por isso é admirado por colegas pela sua propalada independência; fz o que quer, grava o que quer e quando quer.
Inquieto e pouco disposto a acomodações, não hesitou em abandonar o excelente Buffalo Springfield no final dos anos 60 para engatar uma carreira solo rica, embora “alternativa demais'' para a época, ao mesmoo tempo em que aderia aos projeto de amigos para catapultar o Crosby, Stills, Nash & Young, um marco do chamado country rock.
Foi bom, mas não durou muito. E assim se seguiu a trajetória pelos anos 70 e 80, com obras-primas intercaladas com bons trabalhos e outros bastante irregulares.
Entretanto, a independência artística e a busca por novidades e novos caminhos são as principais características de Young além da genialidade musical.
Mais do que fundamental, Neil Young é um artista essencial o rock, ainda mais em uma era insípida, inodora e incolor, onde a música segue desvalorizada diariamente. O clichê aqui é necessário: o guitarrista é um exemplo artístico, ainda que não queira ou não se importe com isso.
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