O guitarrista paulista Igor Prado e sua banda conquistaram mais um trunfo para o blues brasileiro nos Estados Unidos. O álbum “Way Down South'', que havia liderado por algumas semanas as principais paradas de blues naquele país, foi indicado também para o prêmio de melhor disco do ano no Memphis Blues Awards, conceituada premiação do gênero.
No entanto, é bom destacar que os feitos da Igor Prado Band são grandiosos, mas eles não foram os primeiros brasileiros a conseguirem sucesso por lá.
É o caso de “Angels & Clowns'', do guitarrista Nuno Mindelis, que fez bonito em várias listas de rádios e revistas americanas como um dos mais ouvidos/melhores do ano de 2013 – sem falar que a música “Grass is Greener'', do seu álbum “Blues on the Ouside'', liderou algumas paradas nos Estados Unidos e na Europa. (Muitos vão dizer que Mindelis é angolano, o que é verdade mas, radicado há muito tempo no Brasil, é muito mais brasileiro do que muitos nascidos por aqui.)
De qualquer forma, os dois guitarristas, assim como o brasiliense Celso Salim – que concorre a vários prêmios neste ano nos Estados Unidos como instrumentista – mostram a face mais visível e uma das mais bem-sucedidas do blues nacional, gênero que reúne músicos incansáveis e trabalhadores, característica comum entre todos os blueseiros do país. Trabalhar muito e duro dentro de sua paixão. Reclamação? Quase não se ouve. Parece que os caras não têm tempo para isso.
“Tocar é fundamental, independentemente do que toca no rádio ou do que está bombando na TV e na internet. Cada um tem a sua recompensa, desde que se trabalhe bastante”, disse Mindelis ao Combate Rock, artista-símbolo do estilo no país, ao lado de Blues Etílicos e André Christóvam.
Mindelis é um guitarrista respeitado no cenário internacional e construiu sua carreira com muita dedicação e muito sacrifício. Ele reforçou a mística de paixão e trabalho mescladas em qualquer situação.
“Cansei de sair de show e ir direto para o trabalho. Levava uma muda de roupa, no carro, estacionava o carro e dormia ali mesmo por uma hora, uma hora e meia antes de assumir o batente. Foram tempos difíceis e exaustivos, mas ajudaram a me tornar o que sou hoje”, ressalta o músico.
Os bluesmen do Brasil são exemplos de persistência e de postura de como encarar a carreira musical, independentemente do estágio em que estejam. Não se trata de analisar aqui quais são as perspectivas de cada um ou de quão longe vai a ambição dos músicos de cada gênero. É questão de louvar a capacidade de trabalho de quem optou pelo blues e a sua persistência, sempre em silêncio, trabalhando cada vez mais.
Os blueseiros não reclamam de falta de espaço. Conseguiram o deles, que está sendo mantido, e, de certa forma, ampliado de forma lenta. Para os metaleiros que ainda reclamam de falta de união, de apoio do público e de espaço, o exemplo está bem pertinho: Nuno Mindelis, Igor Prado, Adriano Grineberg, Flávio Guimarães, Róbson Fernandes, Celso Salim, Amleto Barboni, Marcos Otaviano e muito mais gente que trabalha em silêncio, mas mantém vivo o blues nacional.
Marcelo Moreira
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