Todos eles deveriam morrer antes de ficarem velhos. Mas se recusaram. Buscaram a eternidade, mesmo que na forma de lendas, mas isso não foi o suficiente. Querem ser imortais, mesmo já sendo. Só que insistem, em uma comovente e inglória batalha contra o tempo e a própria saúde. Muitos foram e voltaram, ignorando o impacto negativo, mas demonstrando coragem. No entanto, nem todo mundo é B.B. King, que ficou em cima do palco até os 88 anos de idade.
O fim de uma banda como o Black Sabbath precisa celebrado como uma grande homenagem a artistas que estiveram em ação por 47 anos – com é o caso da banda de Birmingham. É uma demonstração de respeito a uma das maiores bandas de todos os tempos e que reconhece que é hora de parar, principalmente por questões físicas, de saúde.
E é bom lembrar que o Sabbath é uma das pouquíssimas bandas que nunca encerraram a carreira (ao lado de Rolling Stones, Motorhead, Iron Maiden, Metallica e alguns outros).
Houve longos hiatos, mas nunca um anúncio oficial de fim – para, constrangedoramente, anunciar um “retorno'' poucos anos depois, como The Who, Allman Brothers, Lynyrd Skynyrd e tantos grupos por aí…
Celebremos a saída de cena do Black Sabbath antes que virasse uma comédia sem graça. A volta de Ozzy Osbourne foi um “sopro de vida'', mas a sabedoria prevaleceu e o “sopro'' mostrou que ainda havia inspiração e vontade para fazer ao menos um último bom álbum.
Existem exemplos dos tipos de “fins'' que queremos (não) para nossos ídolos. O Motorhead acabou de acabar com a morte do imortal baixista e vocalista Ian Fraser “Lemmy'' Kilmister, aos 70 anos de idade, vítima de um câncer agressivo.
No começo do ano, esteve no Brasil para alguns shows – o de São Paulo, no Monsters of Rock, foi cancelado por conta de excessos em churrascarias, que detonaram seu sistema digestivo.
Está acabando…
Certa comoção com a confirmação de que o Black Sabbath vai terminar após a futura turnê ocorre porque havia a esperança de que durasse pelo menos mais alguns anos, talvez até com um novo álbum. A percepção de que o prolongamento desnecessário de uma maravilhosa carreira, na verdade, é a grande notícia neste caso.
O Sabbath é o mais recente da fila de veteranos que finalmente decidiram pela aposentadoria, ainda que não imediata. The Who deve parar oficialmente no segundo semestre de 2016. Almann Brothers já parou, depois de quase 30 anos de sua volta – e 49 anos de fundação.
O Pink Floyd finalmente foi sepultado com as recentes declarações de David Gilmour; Pete Townshend e Roger Daltrey, ambos septuagenários, decidiram deixar os palcos e aposentar o Who em 2016; o Yes não deve durar muito mais após a morte do “dono'', Chris Squire; o Judas Priest está dando adeus às turnês; o Gong acabou com a morte de seu líder, Daevid Allen, aos 76 anos; Status
Quo já está reduzindo bem as suas atividades nos últimos dois anos.
Mesmo os intermináveis Rolling Stones não estão imunes a essa onda – embora pareçam estar. Também septuagenários, já admitem de forma mais aberta que talvez possa não haver outra turnê além da atual.
Marcelo Moreira
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