Uma curiosidade acaba de chegar às lojas da Europa em uma edição de luxo, com CD bônus e livreto de qualidade. Alguém ainda se lembra do GTR?
Há 30 anos, dois gigantes do rock progressivo se uniram após alguns fracassados projetos no começo dos anos 80 para aquele que deveria ser um dos maiores supergrupos, na mesma linhagem de Cream, Blind Faith, Emerson, Lake and Palmer e The Firm. A expectativa era muito grande, e o naufrágio ocorreu rápido demais.
O GTR foi a união dos guitarristas Steve Howe (Yes) e Steve Hackett (Genesis). A ideia foi de Howe, que era apenas um conhecido de Hackett. Surpreendentemente, o ex-Genesis topou e a banda surgiu em 1985.
Howe ainda não tinha digerido muito bem o retorno do Yes em 1983, em formato mais pop e comercial – Jon Anderson (vocais) e Chris Squire (baixo) nem pensaram em convidá-lo para o que seria “90125'', megassucesso daquele ano.
Também andava insatisfeito com o Asia, que havia formado com John Wetton (baixo, ex-King Crimson e Uriah Heep) e Geoff Downes (teclados, ex-Yes). A queixa era de que o som estava comercial demais.
Hackett, por sua vez, ia bem com sua carreira solo desde que saíra do Genesis, em 1977, mas sentia falta de mais aventura, ou seja, de voltar a fazer uma música mais forte, instigante e, por que não, mais pesada. Howe também queria isso.
“GTR'', um acrônimo de guitar, em inglês, deu nome também à banda, e saiu em 1986. A expectativa era grande, e a decepção, em seguida, também.
Tudo estava certinho, com um bom cantor (Max Bacon) e uma cozinha supertalentosa – Phil Spaulding no baixo e Jonathan Mover na bateria. O som tinha peso, força e qualidade, além de muito virtuosismo.
Só que não deu certo. Faltou um grande hit e mais carisma entre os integrantes, em especial ao correto mas pouco cativante Bacon. Houve uma turnê norte-americana e alguns shows na Europa, mas o entusiasmo do público foi zero. O álbum vendeu pouco, os shows não lotaram e o desânimo logo implodiu o grupo.
E eis que a Cherry Red Records, selo e gravadora ingleses, decidiu reeditar o álbum em uma edição de luxo para comemorar os 30 anos de criação da banda.
O CD é duplo, com o álbum original acrescido de três bônus chochos (versões diferentes de músicas do álbum). O melhor, no entanto, é o segundo CD, trazendo um show gravado em Los Angeles em julho de 1986. Na lista de músicas, algumas do álbum e clássicos do Yes e do Genesis.
“GTR'' é apenas raozável, com uma saudável disputa de egos e solos entre Hackett e Howe, mas não há nenhuma canção memorável. Os destaques vão para as duas primeiras, “When the Heart Rules the Mind'' e “The Hunter'', e a interessante “Jakyll and Hyde''. Ainda assim, não tinha como estourar – músicas boas, corretas, mas só, sem nenhum diferencial.
A versão 2015 vale pelo show contido no segundo CD, onde a banda mostra qualidade e competência, com empolgação e entusiasmo que faltaram no álbum de inéditas. Vale como uma curiosade, mas com qualidade.
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